sexta-feira, 3 de outubro de 2014



Reinventar-se é uma tarefa estranha. Por vezes árdua, porém necessária. Outras necessária, porém improvável. Fazer-se de novo, erguer-se do poço ao céu. Mas as mãos não querem arrancar as folhas do caderno antigo, desfazer-se dos recados de ontem. O presente é a soma do que foi. O futuro, apenas um neologismo possível. Um dia de cada vez, repete para si mesmo. Em frente! Como um rato de laboratório percorrendo sua roda de exercícios. Fatigando-se em círculos, sem chegar a lugar algum. Reinventar-se é buscar o horizonte onde o dia sempre acaba. Porém o que é triste e lindo é entender que lá encontramos apenas o sol poente, como que morrendo a cada dia na hora de deitar-se, enquanto o alvorecer vem sempre na contramão, surgindo cheio luz ofuscante por trás de onde os olhos alcançam.