Reinventar-se é uma tarefa estranha. Por vezes árdua, porém necessária.
Outras necessária, porém improvável. Fazer-se de novo, erguer-se do poço
ao céu. Mas as mãos não querem arrancar as folhas do caderno antigo,
desfazer-se dos recados de ontem. O presente é a soma do que foi. O
futuro, apenas um neologismo possível. Um dia de cada vez, repete para
si mesmo. Em frente! Como um rato de laboratório percorrendo sua roda de
exercícios. Fatigando-se em círculos, sem chegar a lugar algum.
Reinventar-se é buscar o horizonte onde o dia sempre acaba. Porém o que é
triste e lindo é entender que lá encontramos apenas o sol poente, como
que morrendo a cada dia na hora de deitar-se, enquanto o alvorecer vem
sempre na contramão, surgindo cheio luz ofuscante por trás de onde os
olhos alcançam.